"E dele esse olhar....
Esse que frio, impositor, me leva do céu ao inferno em fração de segundos.
Que exerce fascínio e medo...
Um olhar que te constrange, que te atravessa e você chega a curvar
Os ombros estreitam e vem um frio....
A pele resseca (craquela) de baixo pra cima ou ordem inversa
E você desmonta...
Como um vidro (quebrado) que precisa ir ao chão.
Esse olhar um dia amou e era a única luz naquele lugar
Puxou pra si todo o poder do luar, todo amor que podia me tirar
O mesmo que chorou (eu estava perto, eu vi, foi real) chorou, uma vez
e a luz que vinha dele era de um amarelo intenso
e começou ali um processo de calmaria, difícil explicar...
Enfim, quando a lágrima saiu, tive o impulso de toca-la (contive)para acreditar...
Hoje, tanto tempo depois, aquele olhar veio em minha direção
Fixo, assustador, perfurante
E com o mesmo poder que sempre me deteve, fechou-se
Num gesto de misericórdia , dessa vez, foi (ele) ao chão
Meu coração, acostumado, esperou sem pressa
Sentindo talvez o que viria, fechei os olhos para amortecer o impacto
Esperei, demorou, então abri os meus, nenhum movimento
Silêncio...............................
Então finalmente, como se adivinhasse minha aflição
pela primeira vez uma voz, que queria, sem duvidar do que sentia, perguntar:
"De onde você está e é longe, consegue voltar?"
Lembrei de imediato, das Vozes do Humberto, aquelas que sussurram mas você ouve melhor:
(Quem sabe, talvez.Sem nitidez, quem sabe...)"
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