segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Ykeira


Vai sem eira
Sai da beira 
à sua maneira
Sobe o morro, desce a ladeira
enfrenta o dia, a vida
Seja sempre você, faceira
Lute, persiga, prossiga, encontre
Vai sem medo
Queira........
Vai Ykeira

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Um conto meio que de canto....



Estava tudo quieto como de costume desde quando se instalara aquele clima nada ameno, desconfortável. A sombra da desconfiança pairava sem trégua e o disfarce da indiferença era agora a máscara de todos os dias.
 Sem os óculos e com a luz que se podia aproveitar , ensaiou abrir mais uma vez a cabeça para deixar se levar pelas palavras de Ortega. Sim , aquele que disse: " quando não há alegria, a alma se retira para um lugar do nosso corpo e faz desse seu covil". Ela gostava do silêncio e de pouca luz. A seu modo , aquele estado se traduzia em paz.
 O livro enfim prende a atenção, e a confusão dos pensamentos debochavam de sua mente. Enquanto forçava a vislumbrar Pieve di Cadore , era Verona que vinha à tona ,que a assaltava....  
Ele deve tê-la chamado uma vez ou duas ,mesmo a contragosto , ela não ouviu.Alcançara naquele momento , um nível de concentração necessariamente cômodo para que pudesse restabelecer o equilíbrio na dose exata para suportar o resto do dia. Foi quando ele resolveu aproximar-se e tocar-lhe o ombro. Num ímpeto silencioso (rápido) e enlouquecido , ela se vira já de pé e quase subindo na mesa de leitura. Ele a fita assustado com a reação e por instantes pensa em perguntar o porquê mas se contém, afinal, são desafetos .Por alguns segundos se olham em silêncio e seus olhos nos dela , no olhar assustado dela e na forma com que se  prende à mesa , desarmam. Ela se recompõe, ele não. Está incrivelmente encantado com a vulnerabilidade naquela mulher sempre tão insubordinada, cheia de si. 
Ia dizer apenas " Até logo! Estou indo! " mas aquela atitude tão brusca, inesperada fez com que contivesse as palavras e um sorriso triunfal tomou seu rosto como quem pensa: ela sente! Não é tão forte , afinal.
Nesse momento (ela) , com os seus cerrados numa ultima tentativa de blindar-se, pergunta o que ele quer, tentando em vão controlar o tom na voz.

- Eu? Nada ! Nada mais. Você já me deu tudo. - E sai.



O página é marcada juntamente com um longo suspiro.O livro é fechado , a luz  apagada na porta trancada por detrás dela. 

Nada mais a dizer além de pensar em como levar os dias seguintes, pensamento esse que lhe fez enrubescer, esquecer inclusive onde havia estacionado o carro, parar no meio do nada e agora pensar mais em nada....
 Precisa de pausas. Precisa estar só. Precisa sair dali o quanto antes.

"O carro, graças a Deus!"

 Liga o som numa última tentativa de sedar-se e a música entre 156 queimadas no cd é Divano..........



sábado, 3 de novembro de 2012

Por nada

 

 Uma vala (necessária) se abriu
Busquei por um tempo em  desespero (a tatear)
Perdida lá , no escuro e  em vão , cansei
não achei sequer a mim quanto mais razão ( continuar?)
O que era escuro, vazio enfim se tornou
E tomou conta de todo o lugar
Não toque! Não fale! Sequer acene!
Por penitencia será eternamente assim...
A escolha incerta pra sempre- a ferida aberta